quarta-feira, 24 de junho de 2015


Voltei aqui pra escrever mais uma vez. Nem posso dizer que talvez você não leia. Você já disse que gosta do que escrevo e disse que não se incomoda também. Eu também gosto do que escrevo. Mas confesso: minhas palavras orbitam de forma mais elegante quando o fazem ao redor de uma nebulosa de Pólen. Você já sabe, né?

Acredito que você seja quem mais goste delas. Gostaria de escutar sua voz sorvendo minhas palavras impregnadas do seu hálito ao pronunciá-las. Como o melhor da escrita vai sempre em sua direção, ficaria mais fácil degustá-las.


Não sei muito bem o que ocorre; as vezes sutil, denso, açucarado, viscoso, leve, elegante, requintado, esbaforido, ofegante, perdido... Não importa: se for adicionado Pólen, fabricará flores no cristalino.


Eu até já disse que não sei o que ocorre. As memórias deixaram de ser memórias há muito. Nada mais pode ser lembrado. Eu nem percebi quando as lembranças se tornaram imagens constantes, saudades permanentes, necessidades urgentes. Mas é quase imperceptível. O silêncio é uma ferramenta bem eficiente. Ele é o responsável por emudecer o suor que vai gotejando do olhar. Mesmo agora, que o dia é frio, deve haver um vulcão designado como condição climática predominante na retina. Deve estar muito quente na retina! Muito suor!


Suor de saudades! As glândulas sudoríparas estão acumulando horas extras. Acho ótimo isso. Dessa forma, as lacrimais podem se aposentar. Acredito que a responsabilidade toda esteja relacionada ao movimento de translação. É que os anos são cada vez mais rápidos e maiores e vários e muitos. O que por conseguinte torna o ambiente cardíaco favorável a multiplicação das saudades. Uma espécie de incubadora, sabe? O Pólen se torna mais fértil devido essa incubadora que só faz multiplicar as saudades. Metamorfose, de fato.


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