domingo, 22 de março de 2015

Memórias Olfativas que jamais serão esquecidas... 
"Ela nunca conheceu o medo", diziam as pessoas a respeito daquela menina. Outras diziam que ela tinha uma flor amarela no peito. O fato mesmo era que ela gostava de escrever. Ainda mais sabendo que seu amor gostava tanto daquilo que ela escrevia. É curioso que seu amor gostasse tanto daquilo que ela escrevia, embora ele só não imaginasse que tudo aquilo que ela escrevia, um dia, poderia ser escrito pra ele. 

  Mas depois dos últimos acontecimentos, depois de uma decisão irrevogável, depois disso tudo que já não ía muito bem pra ela, um dos sentimentos mais belos já sentidos iria voltar para o reino literário. Iria voltar para alguma estante de sua memória para ser refletido em seus pensamentos. Iria refletir também nos sorrisos que ela não fosse sorrir mais. Assim como naquela alegria que sempre estaria ausente dela.
 
Muita coisa faltaria na vida dela naqueles dias. Desde ar para respirar até mesmo vida para se viver. Porque não era aquele ar que ela queria respirar e nem aquela vida que ela queria viver: ela não queria aquele ar triste que exalava de seu próprio olhar e nem aquela vida sem seu amor. Ela jamais poderia com eles. Faziam muito mal ao seu coração. E como ela estava sofrendo por problemas cardíacos, estava também muito frágil para submeter seu coração àqueles males.
 
O último dia do ano se aproximava. Seu amor disse na última conversa  que tiveram ao telefone que não desejaria mais falar com ela naquele ano. Isso doía. Mas só um pouco. Doía mais era ela saber que assim como  aquele ano tinha sido sem seu amor, o próximo também seria sem ele devido a uma decisão irrevogável. Ela achava engraçado que tudo doía quando estava com problemas cardíacos. Achava engraçado e sorria um sorriso amarelo e sem graça. Até mesmo um calendário doía. Ou as janelas do MSN que íam subindo e nenhuma delas era seu amor. Mas sim. Ela era forte. Ela poderia suportar muitas dores. Mas a dor de ter que passar um 12 de junho, aliás, todos os 12 de junho sem seu amor, essa sim ela não poderia suportar. "Mas a vida é assim, não é verdade? A vida não espera a gente estar pronto para oferecer as coisas pra gente vivenciar. Não temos saída", ela pensava.
 
Ela até gostaria mesmo de ter uma opção, uma saída, uma alternativa ou qualquer outra coisa que a fizesse acalmar e amenizar a dor dos anos naquele momento. Tanto daqueles anos que passou fugindo do seu amor como daqueles outros que seria forçada a suportar sem o seu amor. Ele poderia até dizer que ela não seria forçada a ficar sem ele, que ele não iria sair da vida dela, que ele estaria lá - ela precisando ou não dele - ele poderia dizer muitas coisas... Aliás ele poderia fazer o que ele quisesse para interromper aquele processo. Até mesmo pedir que ela se afastasse em função do vulcão interno estar em fase de erupção e lhe doer a respiração. Mas a verdade é que o mundo dela estava morrendo naquele momento. É como se ela houvesse utilizado toda a força, toda a energia e toda a vida que existia do mundo dela para fugir de seu amor. E no momento em que ela não conseguiu mais fugir, ela não tinha mais nem energia, nem força e nem vida para reconstruir seu próprio mundo. Ela não gostava de pensar nisso. Mas tinha certeza que precisava de um milagre. Urgentemente.
 
Mas sabem de uma coisa? Os milagres acontecem. E acontecia, por exemplo, quando ela conseguia reunir toda a vida que ela já não possuía - nem no mundo dela nem em outros mundos - para ligar para seu amor de forma que sua voz não parecesse triste ao telefone. Ou para escrever alguma coisa. Ou para ir a casa de quem ela amava. É verdade que ela não sabia se o que ela escrevia iria algum dia chegar a ser lido por seu amor. Ou se ela iria a casa dele. Ou se iria a casa do seu amor para lhe entregar alguma coisa que ela estaria escrevendo. Tudo isso dependeria do quanto de vida ela iria conseguir reunir ou recriar. E é como ela não gostava de pensar: "um milagre!" E ela não poderia prever ou medir a intensidade de um milagre. Mas ele precisava acontecer. E talvez tenha acontecido.
 
Talvez ela tivesse encontrado uma forma de sobreviver sem poder amar a pessoa que de fato ela mais amava. No fundo ela sabia que aquilo que seu coração não pudesse vencer, a sua mente venceria através de sua inteligência. O problema é que ela realmente encontrou uma forma de sobreviver sem o seu amor. E encontrou uma dor maior que viver sem esse amor: pois ela tinha a solução em mãos para resolver esse problema e mesmo assim não optou por usar essa solução. E talvez também, naquele dia, ela conhecera o medo. Todos os medos foram apresentados a ela. Afinal ela não tinha mais o seu mundo pessoal. Sendo assim, era obrigada a vagar pelo mundo dos mortais. Embora ela estivesse com muito medo, com todos os medos, só um medo ela não possuía: o medo de respirar as lavas deste vulcão em erupção!

sábado, 21 de março de 2015



"Sim. Claro. É um texto bonito. Em outras palavras, uma oração. Faz pouco tempo que o texto foi escrito. É que houve um tempo em que os dias 27 de setembro se multiplicavam a cada dia do ano. Eram vários... Todo dia era 27 de setembro. Até que houve um. E esse um era o mais bonito. Disseram que "não liguei, não ligamos." Mas eu liguei. O "Eu" é sempre um outro. E a árvore de nóses prefere conjugar os verbos mais cardíacos em seus frutos, na terceira Pessoa do Pólen, o Principal Plural.


Nesse dia, a beleza deixou de orbitar a sua trajetória para testemunhar aquelas sensações. Já fazia algum tempo que algo não era sentido daquela forma. O grau de pureza alcançado naquela hora, há muito não havia sido tocado. A vida retribuiu o carinho emanado do agora e o envolveu com amor. Foi exatamente assim que as chamas daquele vulcão escarlate que se agitava se acalmaram. Ao que parece, após uma tormenta de pensamentos disformes, os desejos se inflamaram não de prazer e sim de ternura. Caramelos eclipsados à flor da pele cárdio-labial.


A narrativa do que poderia ter sido deveria sempre ser. Novamente. Pra sempre. Vejo que as vezes não tiramos carteira de motorista na primeira tentativa. Mas na segunda, sim. E depois de um acidente, a terceira tentativa deixa de ser hipotética e se torna plenamente realizada. Pois é... as vezes erramos... Erramos e deixamos o que realmente importa escapar por entre os dedos, entre miocárdios. Mas só as vezes. Bem de vez em quando. Ou quem sabe? Eu não sei. Eu apenas sonho com desejos realizados e oportunidades "reconcedidas" mas cardiacamente reaproveitadas. Plenamente.

Mas é só talvez o texto mais bonito já escrito. Não traz a pessoa amada em Sete dias como as cartomantes. A menos que Sete Certas Letras possam ser realinhadas nas órbitas vulcânicas que, anonimamente, discretamente, solicitam caramelos mais aveludados. E essas órbitas estão cientes: enquanto houver solicitação, a recíproca além de verdadeira será abundante. Abundantemente infinita. Afinal, eu posso amar e multiplicar quaisquer sentimentos que houver nessa vida. Eu sou mais que um corpo que serve de morada a uma alma desolada. Sou mais que pensamentos ou ideias bem elaboradas acerca do amor. Mais que versos bem escritos. Eu sou mais que pares de ossos que abrigam platinas e parafusos. Eu sou mais, sou mais que lábios que se atraem através das artes ocultas das Letras. Mais que palavras ou textos bonitos. Bem mais que o amor da humanidade; eu sou a vontade de amar, que precisa amar, que vai amar, que só pode amar, que continua amando mesmo agora nesse momento, e vai continuar, assim como amou todos esses dias anteriores........... Você!” 



Assina aqui, essas mal traçadas linhas, a vontade de um ex-poeta de amar você.

segunda-feira, 2 de março de 2015


02 de março de 2015. Era pra ser bem especial. Mas foi como todos os dias: muito trabalho, muito corre-corre, muito-muito de tudo e mais um pouco. Demais. Os dias agitados são bem atraentes. Incandescentes! Como vulcões... Ai ai, os vulcões! Hum... *:"> envergonhado Tenho saudades deles...

Embora eu sempre sinta essas saudades desfiando póros, ontem estava tudo calmo. Tudo palidamente calmo. Havia sorrisos bem calmos como aquelas tardes de outono que além de calmas são pálidas, violáceas, tingidas de sépia. Âmbar! São minhas preferidas. Mesmo que não sejam lembradas, são sabidas. Acho que elas alimentaram algumas esperanças ontem. E foi até bom: cultivar subjetividades específicas sem esperar reciprocidade é um processo bem natural. Aí fica só aquela esparançazinha pequena, que acredita em "quem sabe". 

É. Pois é. Quem sabe. Eu não sei. Mas bem que gostaria. Seria um sonho se vinculando a realidade: ao invés de terminar no dia 02 de março, haveria um par de aromas, "perdidos que só", seduzindo hálitos, silenciando palavras rente aos lábios.

Ontem fui visitar meu nascimento. Os lábios estavam prontos.

domingo, 1 de março de 2015


É chegada a hora. Encenada. 
Tudo se partiu e baila em estilhaços cintilantes.
A manhã está a caminho para anunciar um novo dia
Transeunte e óbvio e desinteressante.

Hora do Ser se recolher nas contendas
mais íntimas dos pesares passados e pensados,
á esquerda dos Lírios, onde o verbo Estar deixa 
de protagonizar ações inconjugáveis. 

Aquele mingau de palavras, açucarado
por assim dizer, não exala o aroma
cardíaco da terceira pessoa do plural.
Já é tarde. 

Palavras mudas não dizem nada.
Gritos silenciam a poética mágica da menina.
Embora, tardiamente, seguramente,
Cardia-mente o miocárdio não minta.

E já que não mente, alimenta. Comenta.
Com menta. E memórias caramélicas. 
Possivelmente, lembranças amarelas.
Pólen furta-cor-de-cór. Quem sabe?