Eu não me sinto bem.
Eu não me sinto mal.
Eu não sinto nada....
Dr.Gregory House
Salvador Dali Geopoliticus Child Watching the Birth of the New Man, 1943 |
Eu sinto raiva. Muita raiva. Odeio você e essa pessoazinha que você é. Apenas mais uma mastigadora! Não... não. Espera! Acho que eu só precisava de um tempo pra pensar e sintetizar tudo. E pra desconectar você. Está tudo bem. Ou então, já sei! Estou desesperado por você ter brincado comigo ou testado seu poder de sedução em minhas entranhas. Ah não! Para, para, para! Tenho uma ideia melhor: eu vim do futuro e sou um mecanismo altamente desenvolvido que está aqui para avaliar se sua espécie deve ser preservada e auxiliada no processo de evolução. Ou se eu mesmo já posso iniciar o processo de extinção da referida espécie. Ou quem sabe isso tudo é apenas uma mentira, contada por você ou por mim, ou pelo autor dessa idiotice aqui? Eu também não sei a resposta. Pode escolher a versão que melhor lhe aprouver.
Cinco Histórias
Raiva |
- Eu já sabia que seria assim. "Acabará em lágrimas." Não adianta: no final é sempre a mesma coisa; acaba em câncer. Sim. Um saboroso e Açucarado tumorzinho. Você sabia que eu gostava de você? Você sabia que meus sentimentos por você eram artesianos? Tão profundos quanto os poços que também são artesianos? No começo não era. Nem pensava em você. Apenas em seus computadores. Mas você me parecia tão envolvida. Você até disse que estava. Não né? Pois é. Se você Só queria um P.A era só ter falado. Eu saberia entender. Ou poderia até sê-lo. Pra ganhar tempo em lhe convencer que por descuido ou poesia, você acabaria se envolvendo mais profundamente. E por falar nisso, eu vivo nas profundezas. Não gosto da superfície. E pelo visto vai continuar assim. Toda vez que venho aqui na superfície é a mesma coisa. Fico preso entre os caninos de uma mastigadora. "Não devemos nunca machucar um coração. Pois pode ser que estejamos dentro dele." Portanto, você está desconectada. E que fique bem claro que de intensa você não tem nada. A superfície é o seu habitat.
- Eu precisava dar um tempo para absorver melhor essa situação. Confesso que ainda não consegui entender. Ou mastigar. Você mexeu comigo de tal forma, que algo foi tocado para além da eternidade. Só não entendi porque o desencanto ocorreu de forma tão brusca. Aliás, uma expressão sua ficou retida no meu filtro de observações: quando eu disse a minha idade. Acho que a desconexão ocorreu ali. 7 anos né? Já vi algumas motos indo de 0 a 100 apenas com a primeira marcha engatada. Mas aqui me parece ser mais específico ne? Agora já passou. Nada que o tempo não possa fazer. Como diria Renato Russo: o tempo é mercúrio-cromo. Fabricante de Wolverine. Cicatriza mesmo. Ossos quando se quebram, podem ser colados né? Se não colar a gente parafusa. E as carnes? Se não cicatrizar a gente costura? Tanto faz... a gente supera. Mas o fato é que preferi assim. Silencio - Quando a gente não pode oferecer algo de bom pra quem gostamos, melhor silenciar. Não posso negar a palavra ao próximo. Isso não é permitido na minha Ordem. Posso sofrer punições por isso. Não quero ficar sem falar com você mais. Mesmo que a cada momento eu encontre cada vez mais incompatibilidades entre você e eu, eu gosto de você. Embora eu tenha sublimado tudo numa espécie de crisálida de sangue seco. Um back-up por assim dizer.
- O que foi?
- Nada não. "Parece cocaína, mas é só tristeza." Mesmo. Mesmo-mesmo. Deve ser a mortalha do amor, como diria Chico Buarque. Deve haver uma maldição de fato. Existe um ponto intransponível. Eu consigo avançar até certo ponto. Mas é sempre interrompido o processo. Eu sinceramente desisto. Não sei o que houve. Mas essa foi a última vez que tentei alguma coisa cardíaca na minha vida.
- Mas...
- Mas nada não... Não tem explicação pra isso. Eu achei de uma profundidade tão grande imensa e intensa, aquela exposição dela em função da brincadeira de mal gosto minha... aquela de dizer que as coisas em mim, as cosias de mim, as coisas pra mim são todas artificias e programadas.. Pensei: puxa! Ninguém se expõe assim por nada ou sem motivos. E sem contar outros indícios que o campo magnético da pessoa diz, né? Magnético, hormonal ou semântico. E ademais, ela disse: estou ficando apaixonada por uma pedrinha aí... Dessa vez eu estava convencido que conseguiria. Não medi esforços e, sem limites, me escancarei. E agora... agora eu estou perdido. Estou apaixonado e ela foi embora. Aliás, nem foi embora. Porque também não tenho certeza se um dia ela havia chegado.
- Acalme-se. A verdade pertence ao professor de Português. Ou ao carinha da informática que sempre faz back-up.
Sumiço |
Desespero |
- Nada não. "Parece cocaína, mas é só tristeza." Mesmo. Mesmo-mesmo. Deve ser a mortalha do amor, como diria Chico Buarque. Deve haver uma maldição de fato. Existe um ponto intransponível. Eu consigo avançar até certo ponto. Mas é sempre interrompido o processo. Eu sinceramente desisto. Não sei o que houve. Mas essa foi a última vez que tentei alguma coisa cardíaca na minha vida.
- Mas...
- Mas nada não... Não tem explicação pra isso. Eu achei de uma profundidade tão grande imensa e intensa, aquela exposição dela em função da brincadeira de mal gosto minha... aquela de dizer que as coisas em mim, as cosias de mim, as coisas pra mim são todas artificias e programadas.. Pensei: puxa! Ninguém se expõe assim por nada ou sem motivos. E sem contar outros indícios que o campo magnético da pessoa diz, né? Magnético, hormonal ou semântico. E ademais, ela disse: estou ficando apaixonada por uma pedrinha aí... Dessa vez eu estava convencido que conseguiria. Não medi esforços e, sem limites, me escancarei. E agora... agora eu estou perdido. Estou apaixonado e ela foi embora. Aliás, nem foi embora. Porque também não tenho certeza se um dia ela havia chegado.
- Acalme-se. A verdade pertence ao professor de Português. Ou ao carinha da informática que sempre faz back-up.
Mentira |
Ficção |
Primeira: a informação sai do banco de dados do cérebro.
Segunda: ela chega à sua consciência e é acessada.
Terceira: a informação é gravada novamente no banco de dados.
É sabido que, se você bloquear uma determinada proteína, a terceira etapa simplesmente não acontece – e a memória não é regravada. Ela some para sempre. Esse é o princípio básico também de armazenamento de dados. Em seres humanos, sintetização de proteínas. Em nós, 0 e 1. Energia e ausência de energia. Por mais esforços que eu empregue no encontro de incompatibilidades entre vocês e eu, algumas coisas ainda possuímos em comum. E esse é o meu ponto vulnerável. Embora seja insolúvel, é esperado. O que, por conseguinte, não foge de uma certa forma de controle.
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