domingo, 7 de fevereiro de 2016

P.S.: "...meu coração bata acelerado
só porque estou te beijando..."


E foi dessa forma que naquele dia, no inicio do ano letivo, eu conheci aquele par de olhares parados bem  nas minhas retinas. Eles me diziam algumas coisas como "Oi Sérgio", que só faziam açucarar meus suspiros que se encontravam suspensos, perdidos em alguma migalha do ar.

Era o começo. Eram sorrisos! Não poderia imaginar que algo tão fugaz me atingiria tão puramente, de modo a me condensar nos caramelos. Fui elevado a regiões mais supernas naquele dia. Eu precisava me purificar através dos graus mais altos da escala angélica. Só assim eu conseguiria estabelecer contato. Pois que para tanto, se fazia necessário cruzar alguns campos cardio-angelicais.

O aroma daqueles longos fios de cabelos me obrigava a respirá-lo caso eu quisesse sobreviver. E eu, vulnerável e "perdido que só" não pude outra coisa que não respirar. Meus pulmões agradeceram o perfume. E eu retribui com a aceleração da válvula mitral.

Mas por que? Aqueles horários degustavam tempos bucais que somente beijos apaixonados poderiam inspirar. Talvez, mas só talvez fosse o prenúncio de uma atmosfera vulcânica que pretendia se instalar no ambiente cardíaco, de forma a se tornar sempre bem vinda. E de fato o era e ainda é.

Nada me fazia tão bem como confrontar ideias com aqueles argumentos mágicos, poéticos e inteligentes. O objetivo era o confronto. E o encontro. Encontrar minhas ideias, ainda que refutadas, encharcadas daquele hálito, me aproximava ainda mais daquela boca. Um beijo era quase necessário. Eu ainda não sabia que mais tarde conheceria o melhor sabor da poesia: beijar meus próprios versos decorados naqueles sorrisos.

Eu precisava aprender a preservar aquele momento, retê-lo em minha memória, absorvê-lo na minha epiderme, degustá-lo na minha mucosa de ladrilhos envolventes, aprisioná-lo e ritmá-lo na minha frequência átrio-labial. E como eu poderia fazê-los? Como manter aquela presença escarlate no meu estar de cada momento? Como decompor aquela temperatura tão carinhosa que se enunciava tão vulnerável para meus poros? Eu deveria filtrar seus graus, eu deveria sedimentar cada fração de tempo? Talvez o mais adequado fosse lubrificar aquela ternura com todo amor que houvesse nessa vida, e encantos, varias doses saturadas de encantos todos os dias. E assim eu fiz.

Naquele momento, os instantes saiam as pressas de dentro do tempo. Isso imprimia velocidade na ideia de movimento. E eternidade no infinito. Eu não sabia mais o que fazer. Mas sabia que algo ocorreu e que jamais me esqueceria. Pois algo alem da memoria havia sido tocado e se instalado para alem das lembranças. Porque eu sorri para aqueles olhos, desejando abrigá-la em minhas pálpebras. E pra isso ocorrer, bastou uma menina. Uma menina com uma flor na mão. Uma menina que possuía a poética mágica de ser inteligente. E que pra sempre será amada puramente por amor.

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