quinta-feira, 15 de setembro de 2016

"...nem precisa de desculpa,
já  tem o  motivo. E quando
não tiver motivo, pode vir a
hora que quiser..."        

E é como eu disse na mensagem: suas palavras me fazem bem, você me faz ótimo. E agora eu completo: você me faz feliz. E como disse mais cedo, só não me faz completamente feliz porque você ainda não chegou. Quando você chegar, eu quero encontrar cada querer seu no meu desejo de querer mais. Quero sentir cada sentido seu em nossas sensações.

Enquanto você não chega, minha jovem, pode me contar sim. Ouvir você falando sobre o que sentimos é revigorante. Suas palavras me dão força total pra eu conquistar vários mundos. E entre uma conquista e outra, recolher ainda mais amor pra você se sentir ainda mais amada.

Ficarei aqui, ficarei em você, para sempre em sua vida. E já que me quer através de tantas formas, todas as partes, todas as formas e várias maneiras, venha possuir, venha ter, venha se empossar com cada uma delas de mim. Eu sou seu, minha jovem! Todo seu. Não vou me defender de seus desejos. Sou voluntariamente vulnerável às suas vontades vulcânicas.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

"Eu escrevia silêncios, noites, anotava
 o inexprimível. Fixava vertigens."
Arthur Rimbaud


É verdade. Escrevi isso tudo aqui sim. E eu também não sei caracterizar esse manuscrito. Se foi uma narração... se foi um diálogo comigo mesmo... ou um diálogo com o fim. Me acusem, me vendam, me comprem... enfim... cubram-me de rótulos. Digam que eu não tentei ou que eu acabei tentando. Agora, nada disso mais importa. As opiniões alheias que se embriagavam nos meus calcanhares não me interessam, bem como já não vinha me interessando. Serviram somente para encrostarem a minha lápide. Se foi bem aqui que cheguei, e somente aqui que falei acerca desse assunto, é porque algo também não foi muito bem. 

Nunca fui uma pessoa que sou. Minha vida sempre foi rápida demais para ser quem eu era. E curta demais para ser quem eu queria ser. Perambulava entre os vazios que sambavam essa dúvida há muito. Ainda sentia o líquido amniótico jorrando em minhas entranhas e interrompendo os 15 dias que na verdade se traduziam apenas como dois de março. Desde então me tornei alcoólatra da existência pálida. Mesmo amando a morte, condenei-me a vida! Infelizmente! E eis que aqui desatinei os meus devaneios. Bordados de nostalgia e encravados nos gemidos que vagueavam entre os desejos roxo-incoerentes de uma manhã sensual. Um momento quente e úmido no inverno que pleiteava um ar seco... como uma crisálida de sangue, sob tutela da lua adjacente. Em meio ao alarde, foi essa a minha fantasia.

De certa forma, sempre quis testar os desafios, testar as possibilidades de mortes inerentes aos corpos nus. Já que as pessoas que eu amei, isto é, conjugalmente, nunca devem ter me amado, preferi ser odiado. Fui dispensado desse desprazer que é o amor, na maior parte de minha vida. Poucas são as horas que me lembro ter vivenciado esse veneno que pende das flechas de cupidos transeuntes. E nessas horas, eu estava bêbado demais para poder me lembrar. O Álcool era um universo imenso para a minha compreensão. Pois eu encontrava várias formas de explorá-lo.

E eu que disse que nunca iria sentir isso novamente, me encontrei em uma certa vez, mesmo após ter dito isso, embriagado pelo cheiro desse sentimento. Eu que não acreditava - ou não queria mais acreditar - talvez por medo ou por vaidade, encontrei-me rendido pelo meu próprio desejo. Surpreendido com meu próprio acaso. Na turbulência intolerante que minha vida se tornou, mesmo repleta de possibilidades de fim, de “descontinuidade”, de finalmente chegar ao balanço final... ainda consegui fixar meus olhares, confesso que olhares quebradiços, em um ponto distante no horizonte, quase a se fundir naquela paisagem desértica. Nessa paisagem árida e escatológica, em um repente frenético, surgiu a clavícula de um oásis. A visão que tive era arrebatadora. Como se a paisagem morta, intermediasse a função de caixa torácica dessa clavícula. Era um Éden envenenado de liberdade. Entre as pálpebras do deserto, era possível antever uma alcatéia de anjos e demônios, sorrindo línguas dançantes que se propagavam.

Admito que desejei que essa sensação que fluía na minha imaginação, perdurasse pelo restante dessa infinita eternidade, a qual foi me imposta. Mas desejei isso como coincidência da vontade do evento gerador. E não como protagonista.

Sim. As coisas mudam. Basta estarmos em outro ângulo para podermos prefigurar outro ponto de vista. Percebi a individualidade de um mesmo sentido por diferentes protótipos de transeuntes. Entretanto, ainda sim era possível verificar semelhanças em cada uma das, supostas, diferentes formas de sentir. E curioso é o fato de que essas diferenças sejam portadoras de uma tendência quase que mística de se harmonizar. Muitos dispositivos responsáveis pelo sentir eram também responsáveis pela semelhança desses. Mas não o sentimento em si. Percebi que o que ocorria era a influencia de outros valores em alguns dispositivos, como por exemplo: auto-afirmação, possessão, competição, imposição, dentre outros.

Essa foi a sensação. Talvez a última tão forte quanto. A paz que esquartejava as contendas de minha mente, borrava uma nodoa contendo morfina em sua composição. Nunca tinha visto e muito menos vivenciado uma paz tão forte que chegava a doer de prazer. A vida não se resumia apenas no fato de estar vivo. E sim muito além disso. Afinal não era possível resumir a vida com uma ou duas palavras... ou talvez em um dicionário. A vida tornou-se mais forte que a atração que eu sentia pelo fim. A vida era bem maior que a vivencia. Não havia nada mais brilhante como em outrora. Apenas uma palidez sensual e convidativa ciscava entre meus pensamentos roxo-incoerentes. Aquele antagonismo que perseguia a humanidade, que se refere a vida como complexa ou simples, estava resolvido. A vida era tão simples, mas tão simples... que fugia da capacidade das faculdades pensantes do homem. Daí, provinha a sua complexidade. (para o homem). Pois o homem não estava acostumado com tanta simplicidade. A vida era uma pedra pequena demais para ser vista do alto. Eis aí o ponto onde o homem tropeça. Nessa partícula que é rotulada de vida.

Desde a época em que minha única amiga era a infância acostumei-me com a grandeza. À grandes vitórias e grandes derrotas. Cada dia transcorrido sob testemunha de minha vivencia, trazia  em suas asas, aqueles vento impregnado de cheiro de morte. A morte tornou-se bem familiar na minha vida. Muitas pessoas iam embora, e os que ficavam, esperavam que eu também ficasse. Ou para ser mais exato, me delegavam essa função. Lembro-me de duas pessoas, que, de tão vivas que eram obrigadas a ser, morreram pra mim. Mas não mais! Agora são infinitas em todo e qualquer cair da tarde... eu as vejo todos os dias. Se é que ainda me é permitido separar o dia da noite.

Gostaria muito que a vida se aflorasse em meu peito, afim de que me dispusesse de força para interromper essas palavras. Sim. Eu possuía essa força. Mas de que adiantaria agora? Talvez essa força serviria para que minha atirada fosse ainda mais impactante. E a queda ainda maior. Talvez a força não possua mais valia nesse momento. Sinceramente, preferiria me manter firme a me manter forte. Não sei como foi. A vida se foi, e isso é tudo. A vida caminhou de encontro ao sentido contrario de si mesma. E isso foi tudo. Acho que sobraram palavras perdidas em algum fragmento de sonho esquecido.

Não há dúvida. O lento desfile de um dia de chuva se formou em retinas transeuntes. É curioso o fato. Para alguns; desconhecido, assustador...  Mas quis senti-lo. Na verdade, senti. Se debatendo entre minhas entranhas. As possibilidades caminhavam lotadas de olhares.Talvez um ultimo sentimento. E qual foi o ultimo pensamento? A última imagem? Assim como todos os outros transcorridos, foi um espetáculo? Uma cerimônia? Consegui distinguir claramente a sensação. Foi ansiedade. E não medo. Não desperdicei a chance que tive e que muitos almejam obter. O que ocorreu, foi que essa chance me foi roubada. E isso não me incomodou. Fui senhor apenas de minhas palavras e meus atos. Não coube a mim, ser responsabilizado pelas ações alheias. Mesmo que estas interferissem diretamente em mim. Embora pessoas possam ter pensado que todo ser humano é responsável por tudo aquilo que ele mesmo cativa, saibam que não procurei isso. Pois talvez, teria encontrado. Eu arrisquei. Vim aqui para jogar e não para assistir do camarote. Escolhi a vida. Mesmo que, como é de praxe, sabendo que tudo nasce do seu contrário. Arrisquei e perdi. (Ganhei) O que dirão de mim, não é mais minha função sabê-lo.

Não anseio mais nada. Bem como já não ansiava nos últimos sacrifícios, que separavam os dias anteriores, deste momento. O que me incomodou, foi o fato de ter deixado feridas na vida das pessoas. Essas feridas se fizeram em doce lembranças. Deixei rastros em pensamentos. Vontades em certos lábios. E poesia em alguns sonhos. A verdade foi que sempre quis marcar a vida das pessoas. Mas percebi também que isso seria um grande fardo que as pessoas carregariam quando da minha ausência. Me culpei por isso. Talvez fosse menos doloroso, permanecer no anonimato da vida. Assim talvez fosse possível, amenizar o sofrimento causado naqueles que estavam ligados a mim de alguma forma. O livre arbítrio foi totalmente invalidado nesse momento. Livre-arbítrio nunca existiu. E se existiu, foi de forma relativa. Pelo menos eu não consegui permanecer com essa ideia. Uma experiência me mostrou o quanto pessoas se ligavam a outras pessoas, de várias e entrelaçadas formas.

Posso afirmar que vivi. Com todas as letras. Grandes vitórias. Grandes derrotas. Grandes experiências. Grandes amores. Grandes dores.  Mas nada disso me fez diferente. Grandes amores... duvidoso o fato. Será que para viver um grande amor, precisamos, indispensavelmente, de ser correspondido? Se assim o é, digam que nunca conheci o amor. Mas não fui tão egoísta a ponto de amar só as pessoas que me amavam. Do contrário, nunca teria amado. Porque as pessoas que me amavam de verdade, me foram tiradas cedo demais para eu conhecer seus respectivos sentimentos. E saboreá-los. Ou apenas testemunha-los. Mesmo esse sentimento não sendo conjugal. Paterno, materno e fraterno. O que me sobrou desses sentimentos foi somente o roubo do restante. E a sensação de perda. O que não esperavam é que eu fiz de minhas perdas, dores. Dessas dores, fortaleza. Fui induzido a ser forte. Como havia dito, preferiria ter me mantido firme a permanecer forte.

Já as grandes experiências não me diferenciaram dos demais. Aprendi muito. Conheci as diversas formas do ser. E também do não ser. Mas tudo isso não me valeu para me isentar do inebriante momento de ausência. E muito menos me tornou melhor que outrem. Aprendi uma coisa. De nada vale ficar acumulando experiências. Experiência é prática imediata. Precisamos colocá-las em prática assim que adquiridas. Penso que durante toda a vida carregamos muitos pesares. Não precisamos carregar mais esse fardo. O das nossas experiências não praticadas. Por isso mesmo gastei tudo. Tudo que aprendi foi consumido. Por lá mesmo. Não estoquei nenhum aprendizado em alguma contenda da minha mente.

Não direi que fui uma pessoa letrada. Acadêmica. Pois os momentos de verdadeiros aprendizados foram regados a álcool e a sonhos. Verdadeiros banquetes. Dividi experiências cruas nesses banquetes. Coletivização de problemas individuais. Abri mão da imagem de um bom garoto que aprende tudo na escola e com os idosos para poder reverenciar a dor e aprender com essa última. Professora eficaz. Seu método de ensino é a realidade. Suas ferramentas a verdade, a angústia, o prazer. Mas esse curso tem um alto preço. É que talvez você nunca mais pare de aprender. E permaneça o resto da sua vida fazendo dela existência, e percebendo que não há ofensa em um mundo de dor. Esse foi o meu caso. Existi para poder viver o quanto foi necessário. Enquanto eu buscava alguma coisa minha vida teve sentido. É nesse ponto que vivi com todas as letras. A busca da vingança, que talvez seja melhor traduzida como justiça. A busca de amor. A busca da morte. A busca de felicidade. A busca de encontrar algo que não se tem. Porém, quando percebi que o fim dessa busca - o encontro - não me despertava mais curiosidade, passei a existir. Pois comecei a viver sem sentido. Sem sentido pré-definido. O sentido era o qual eu estava nele, e apto a mudar bruscamente para outro, mesmo que contrário o fosse. Percebi a amplidão da vida. Na própria existência. Não havia mais um único sentido a seguir. E muito menos a restrição única a esse mesmo.

Tudo tinha que ser mais sempre... Sempre havia um além pra eu chegar. E um aqui para eu testemunhar. Nunca me contentei em pormenores. Agradava-me o fato de conhecer as coisas a fundo. Não havia exagero mais belo que o excesso! O suficiente nunca me foi o bastante. E o nada ainda era pouco. Até mesmo o nada. Queria ir mais fundo ao nada. E conhecer a negação, trazida nessa palavra, de todas as formas possíveis. E isso não me traz arrependimento sequer. Talvez isso não tenha me acrescentado nada. E não posso afirmar que me tirou algo. Tudo aconteceu como tinha que acontecer. É o ciclo. Não podemos fugir. Nascemos, crescemos, perdemos e ganhamos, reproduzimos e morremos. Tudo bem que eu escondi uma parte desse ciclo. Ou melhor: me escondi de uma parte desse ciclo. Mas agora... digo adeus e até breve aos meus filhos que nunca nasceram. Pois nos encontraremos já. Enfim. Ultimas palavras. Já é tarde. Fora!

domingo, 4 de setembro de 2016

"Músculos e pele a gente costura.        
Osso cola e se não colar a gente parafusa."




Já é a sexta vez que vejo essa data se aproximar dos meus olhos, com sorrisos bem labiais... Além desses sorrisos, há Sete Certas Letras também. E todas as sete, se contextualizam melhor nas doçuras viscosas que você e eu alimentamos nesses tempos. Não os dividimos um com o outro. No entanto, não podemos negar que nessas datas, em algum momento da decorrência desses dias, nossos pensamentos se cruzaram em algum desejo ou alguma saudade. Quem sabe até em alguma ansiedade...

Nós dois já sonhamos muitas vezes comemorar o seu aniversário juntos. Mas eu entendo muito bem que onde você estiver daqui a pouco, o seu pensamento visitará o desejo de estarmos juntos. E nessa visita, ele será recebido pela minha necessidade cada vez mais intensa de você. Hoje, sempre e desde antes mesmo de eu saber! 

sábado, 3 de setembro de 2016


"...em algum desejo ou alguma saudade. 
Quem sabe até em alguma ansiedade..."



Ao que me parece, finalmente encontramos: além de uma primavera bem bonita, isso nos trouxe o dia de virar a página. Só não esperávamos que ao fazê-lo, encontraríamos o fim da nossa história. Acho que o fim do capítulo nos seduziu e não percebemos que além do fim do capítulo, era o fim do livro. Não é triste manter o paladar habituado ao sabor do fim. Ao contrário: quando o paladar é o habitat natural do sabor do fim, as memórias podem sempre expressar um carinho especial. Talvez não o suficiente para resgatar e manter uma convivência pacífica. Contudo, um carinho. E um sorriso. Afinal, gosto de me lembrar de você sem mágoas. Talvez um meio sorriso. Porque metade é carinho e metade é gratidão e satisfação por ter vivido esses momentos. 

Obrigado!

quarta-feira, 20 de julho de 2016

"...diante de uma pessoa tão sensível e cuidadosa com as palavras."

"CONVERSAS"


Duas Conversas sorrindo em uma mesa de bar.
Ideias tão naturalmente se interagindo.
As luzes inodoras se debatem com a pele árida,
carente de umidade.
Há vários segredos de construções civis
Testemunhados pelos sorrisos envolvidos.
O momento viaja via carótidas
A fim de se repetir no interior
Da cumplicidade de concreto.

Sim, o convite é feito.
E quase possível antever
Um alcateia de anjos e demônios
Sorrindo línguas dançantes
Que se propagam a fim de mediar
Um aceite recíproco.
E o curioso é que o convite
Não parte das partes envolvidas.
O momento se convida para surgir
Numa imposição carnívora,
Que então se torna uma boa anfitriã.

Uma cidade é deixada em cada esquina.
A noite tóxica se esvai
Rumo as pálpebras recém abertas
No primeiro bradar do alvorecer.
Nos cacos de espumas,
Estilhaços noturnos ainda
Poderão permanecer alvejando
O dia em sua decorrência incoerente.

A lembrança as vezes assume
Uma postura de vilã,
Rendendo-se ao esquecimento,
Com o desejo de se renovar 
Em fato novamente.

domingo, 27 de março de 2016

"Pare de brincar com fogo... 
Pense bem nas coisas que   
você está dizendo, porque   
de uma hora para outra eu   
posso resolver acreditar..."


A serpente que libertei ainda não
Devorou as costelas desse jardim?
Não digeriu o néctar amniótico
De um aborto que foi cuspido
Ao mundo já enforcado?

Duas flores se fascinam
Em carícias durante a tarde.
Eden sensual que a natureza oferece.
Nada mais que a realidade embalsamada
Pelo frescor de um miasma.

Não é fácil olhar para
Uma conversa muda,
Prostrada ali no papel
Branco e quebradiço.
Um noite de sono perdida
Num dia de vigília
Não me roubará
Aquilo que nunca tive.

A realidade nua reverencia a verdade
E nos traduz toda a brandura sitiada
Num presente opaco.
A despedida nos convém...
Agora que tudo é fogo e desejo
Não poderemos mais participar do banquete.
E hora de nos recolhermos em nossos sonhos.
Agora que tudo se foi
Sem nunca ter chegado;
Agora que o passado é ausente
E o futuro presente e escasso.
Basta de poesia jovem
Basta de doçuras infinitas.
Até que o paraíso pare de chover infernos
E possamos nos tingir de 72° ardentes e úmidos. 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

"Talvez tu não a leias mas quem sabe até darás
resposta imediata me chamando de 'meu bem'."


Rendida às entranhas virtuais,
a presença vai de encontro a realidade
paralela contida n´um sonho etéreo.
Como o sangue que vaga no interior
de uma carótida vulgar que ainda
insiste em ser navegável.
Kbytes tóxicos migram-se furtivamente,
desprendendo um néctar amniótico e extravagante,
provocando saudades numa tarde pálida
no plural pollyfórmico.

Acreditável ou não, é a contradição intermediada
na sensação entre o nascimento e o aborto.
Ou seria apenas prioridades metafóricas?
Nunca se sabe. Ou sabe-se demais sempre.
Meio-sorrisos fazem frente de combate
nos ermos de poros inundados por duas fragrâncias.
N´um intervalo, o silêncio é inibido
por colmeias caramélicas, servindo de alvo
às boas e tristes conversas. “Entendi...”

Mas é apenas uma pausa.
Logo, o silêncio retorna espaçando
meias palavras digitadas na estufa do miocárdio.
Embora a proximidade seja ainda mais atuante.
Ainda que distante da presença.
Assim se apresenta a máquina do mundo:
nos encalços dessa luz que queima e se angustia
ao se distanciar de seu refletor.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

"Acho até que já nos apaixonamos
de novo um pelo outro!"


Há pouco tive uma ideia.
Preciso escrever esse verso que há muito me habita.
Talvez não tenha sido uma ideia
E sim uma necessidade.
Quisera eu que minha necessidade,
Que é mais sua que minha,
Fosse apenas uma ideia.
Mas não o é.

A necessidade que eu tenho de você
É você que mora em mim
E me faz precisar ainda mais de você;
Congenitamente, parte de mim que me tomou
Como um todo somente seu.

Ainda preciso escrever esse verso.
Mas não consigo verbalizá-lo.
Eu prometo uma coisa:
Toda vez que eu precisar escrever
Um verso, eu escreverei VOCÊ.
Porque é você quem habita em mim
Com todo amor que essa vida produz.
E é você o ponto máximo de amor que
A poesia pode expressar nesse mundo.



(...)

domingo, 7 de fevereiro de 2016

P.S.: "...meu coração bata acelerado
só porque estou te beijando..."


E foi dessa forma que naquele dia, no inicio do ano letivo, eu conheci aquele par de olhares parados bem  nas minhas retinas. Eles me diziam algumas coisas como "Oi Sérgio", que só faziam açucarar meus suspiros que se encontravam suspensos, perdidos em alguma migalha do ar.

Era o começo. Eram sorrisos! Não poderia imaginar que algo tão fugaz me atingiria tão puramente, de modo a me condensar nos caramelos. Fui elevado a regiões mais supernas naquele dia. Eu precisava me purificar através dos graus mais altos da escala angélica. Só assim eu conseguiria estabelecer contato. Pois que para tanto, se fazia necessário cruzar alguns campos cardio-angelicais.

O aroma daqueles longos fios de cabelos me obrigava a respirá-lo caso eu quisesse sobreviver. E eu, vulnerável e "perdido que só" não pude outra coisa que não respirar. Meus pulmões agradeceram o perfume. E eu retribui com a aceleração da válvula mitral.

Mas por que? Aqueles horários degustavam tempos bucais que somente beijos apaixonados poderiam inspirar. Talvez, mas só talvez fosse o prenúncio de uma atmosfera vulcânica que pretendia se instalar no ambiente cardíaco, de forma a se tornar sempre bem vinda. E de fato o era e ainda é.

Nada me fazia tão bem como confrontar ideias com aqueles argumentos mágicos, poéticos e inteligentes. O objetivo era o confronto. E o encontro. Encontrar minhas ideias, ainda que refutadas, encharcadas daquele hálito, me aproximava ainda mais daquela boca. Um beijo era quase necessário. Eu ainda não sabia que mais tarde conheceria o melhor sabor da poesia: beijar meus próprios versos decorados naqueles sorrisos.

Eu precisava aprender a preservar aquele momento, retê-lo em minha memória, absorvê-lo na minha epiderme, degustá-lo na minha mucosa de ladrilhos envolventes, aprisioná-lo e ritmá-lo na minha frequência átrio-labial. E como eu poderia fazê-los? Como manter aquela presença escarlate no meu estar de cada momento? Como decompor aquela temperatura tão carinhosa que se enunciava tão vulnerável para meus poros? Eu deveria filtrar seus graus, eu deveria sedimentar cada fração de tempo? Talvez o mais adequado fosse lubrificar aquela ternura com todo amor que houvesse nessa vida, e encantos, varias doses saturadas de encantos todos os dias. E assim eu fiz.

Naquele momento, os instantes saiam as pressas de dentro do tempo. Isso imprimia velocidade na ideia de movimento. E eternidade no infinito. Eu não sabia mais o que fazer. Mas sabia que algo ocorreu e que jamais me esqueceria. Pois algo alem da memoria havia sido tocado e se instalado para alem das lembranças. Porque eu sorri para aqueles olhos, desejando abrigá-la em minhas pálpebras. E pra isso ocorrer, bastou uma menina. Uma menina com uma flor na mão. Uma menina que possuía a poética mágica de ser inteligente. E que pra sempre será amada puramente por amor.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Reposição de estoque urgente...


Estou ligando para lhe pedir em namoro novamente. É que eu já sei todas as nossas lembranças de cór; não tem mais nada aqui para ser evocado e me fornecer aquele fôlego genuíno de quando algo importante é recordado. Está tudo na área de trabalho. E esse saber de cór cruzou o quarteirão cardíaco e liberou uma remessa de amor novinho. Preciso que você me envie novas lembranças desse amor. Preciso lembrar de novos bons momentos entre nós dois. Mas prometo racionar agora: vou me lembrar em doses homeopáticas, como havia dito. Portanto, antes de virar lembrança, precisamos namorar novamente. Até uma plantinha autótrofa precisa de luz e gás carbônico pra “fotossintetizar.” Eu só preciso manter um gás escorpiônico em minhas memórias olfativas...

sábado, 30 de janeiro de 2016

...o café está pronto...


São só saudades.
E são suas. 
Somente seus sabores.
E a soma de seus aromas... 
Soam suavemente solitários por aqui.

É suave a sua ausência. 
Eu sugiro um SIM sempre.
E sua presença.
Sugiro também nossa proximidade que,
Seguramente, sempre será necessária.

Indispensável, por assim dizer.
Sem sombra nem sobra
de dúvida. Sua doçura!
Sempre solicitada.
E sonhada e desejada e sucessiva.

Eu sei que seremos
Todos os nossos doces sonhos.
E mais que isso:
Seremos sempre nossos!
Mas nesse fim de semana...

Sábado sem você.
Será que sou insensível?
Ou sou somente
Sempre seu, sem fim 
E sempre SIM?

Não. Eu sou o S......
E nesse sábado,
Eu sou somente 
Saudade sua. 
Sábado e sempre... Seu!

domingo, 24 de janeiro de 2016

...com cobertura de razões
labiais e cardíacas...


Estou pensando em você. Estou escutando sons de violinos beijando os meus sentidos, bem profundamente, onde jamais a realidade veio visitar. Estou agora bem onde os planos, os sonhos e os desejos mais secretos que tenho com você são produzidos. Vejo uma linha sem fim de produção. Precisa ver como as coisas são por aqui. Basta tocarmos a atmosfera pra sentir.

É tudo tão de repente e tão natural. Tudo tão meu e tão em mim, que não consigo separar possessividade de sensibilidade. Sinto tudo tão meu e sinto tanto você em mim que o desejo foge ao seu encontro para roubar você de você mesma. Vejo você não se pertencendo mais. É minha agora. Então me abraça, meu amor. Me toca. Sinta em você a sua parte que é produzida em mim e que é minha. Você está presente. Tenho certeza.

Vai ficar essa noite, meu amor? Fica, por favor. Eu preciso de você só mais alguns momentos aqui para que a sua própria humanidade lhe convença que você não tem saída. Fica e eu te mostro os matizes de beleza que o nosso amor é capaz de produzir se nos amarmos bem aqui e agora. Podemos desfolhar poesias ao vento para que nossa respiração possa fixar aromas de amor pela manhã em nossos sentidos. Ainda precisa de seus sentidos? Porque os meus não são mais meus. Estão todos em você.

Quero mais um pouco dessa porosidade que está presente em meus pensamentos. Ela os torna sensitivos e a razão fica vulnerável aos sonhos. Se alimentarmos a realidade com esses sonhos agora, teremos uma chance, meu amor. Basta um olhar. Não precisa dizer nada. Eu sei a resposta. Então, vai ficar, não vai?

Dizem por aí que duas matérias não ocupam o mesmo lugar no espaço. Mas não aqui. Não há espaço, meu amor. E então? Me ajuda a comprovar que não há espaço? Você me ajuda a sentir que será sempre a dois? Sempre em nós dois? E só pra nós dois? Eu posso esperar quando você voltar. Mas fique até eu pegar no sono. Quero seguir você pelos caminhos que levam ao nosso encontro. Quero permanecer em nossos sonhos... "Aos caminhos, o nosso encontro," lembra-se?

sábado, 23 de janeiro de 2016

"- P.S.: Preparei um café pra esperar pela
vida que fica pra sempre com você."


Já fazia tempos que ela havia se decidido. Iria esperar. Não importava em quantas eternidades o tempo seria mensurado. Iria esperar. Porém, alguns dias ficavam pesados demais. A ansiedade já se alimentava da necessidade. Esperar por quê e pelo quê? Não importava. Continuaria esperando, Mesmo sem nenhum indício, ela acreditava que um dia iria acontecer.

Havia muito sentimento entre os dois. Talvez o mundo fosse pequeno para guardar aquele volume imenso. Não havia outro lugar para conservar aquilo tudo. Ainda que fosse descartado, não havia recipiente para tal. E isso era comprovado a cada vez que um e-mail antigo era lido. Algo assim não se perde, não perece e não se reduz a pó. Ía continuar escrevendo. Era o lugar mais próximo que poderia chegar, sem provocar asfixia: na escrita. Afinal, sabia que era importante respeitar. E não se incomodava se fosse necessário viver com aquilo. Viveria. Continuaria se dedicando a filantropia e irradiando a abnegação. Esse era um dos propósitos também. Se a oportunidade retornasse, sabia que não seria pelo cansaço ou pelo sufoco. Só através de carinho e amor a espera poderia chegar ao fim.

Ainda que as saudades apertassem demais e faltasse fôlego – e de fato apertavam – iria continuar assim. Em silêncio. Não havia muito o que fazer. Embora soubesse que bastaria um sinal, uma ligação, um e-mail, um recadinho ou um convite pra ser bem-vinda... Aí teria o que fazer. Prepararia o café pra esperar. Porque além de necessário, revigorava o fôlego. E a vida além de preparada, ansiada e apaixonada, ficaria Sempre Perfumada.

P.S.: Pra sempre... 

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

(Não, não é papo furado...)


...mas é só uma ilusão gentil que gosta de se aquecer junto a matéria da memória, de mãos dadas a alguma lembrança do miocárdio. Não deseja incomodar e menos ainda perseguir. O olhar se perde no horizonte e resgata algum sorriso que foi esculpido entre dois pares de lábios. É bom sentir isso. Bom sentir que não importa em que ponto do passado o pensamento passou pela primeira parte do paladar. Pois que os efeitos são colhidos todos os dias no hálito. E a colheita é sempre feita logo pela manhã, após o despertar, com a memória ainda encharcada de sonhos recém recordados...

- Enquanto isso, vou continuar chovendo aqui, mantendo seu habitat natural em meus pensamentos, até que eu possa ser bem-vindo. Novamente.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Em algum lugar do passado sempre presente... 


Queria estar próximo quando você lesse isso, perto das suas sensações, sentindo até um pouco delas em mim; o que cada palavra, qual o efeito, o que lhe agrada mais, o que solicita um sorriso, qual a medida, a quantidade, que melodia, a vontade.... o grau de saudade que cada palavra evoca em seu estar! Mas talvez isso fosse querer demais. Você pode estar sorrindo agora. E o meu único lamento é não poder colher esse sorriso em seus lábios, através de um beijo bem apaixonado. Acho que você sorri quando lê algo que escrevo. Ao menos essa é a intenção: produzir alguns sorrisos por aí.

Bem sei que a vida pesa uma pouco, às vezes. Todavia, quando imprimimos certas asas nela, a sensação de leveza é inefável. Difícil haver algo inefável nesse mundo. A cada vez que pensamos em algo, temos uma forma diferente de descrevê-lo. Talvez sejam como várias releituras essas diversas formas que descrevemos algo a cada vez que o pensamos. E o mesmo se passa a cada momento comigo e com que eu sinto por você. Como é constante, não posso dizer QUANDO. Sendo assim, a todo momento, o que é sentido aqui é redimensionado aqui, ocupando um novo espaço em minha vida. É exatamente o que eu disse: uma releitura. E por definição da palavra, é como se repetisse o sentimento que eu sinto, acrescentando algo a mais de sensível nele. Talvez um pouco mais de beleza, de pureza, de profundidade, de vontade, de desejo, necessidade... E tantas outras coisas mais que me ficam orbitando as carótidas por aqui. Uma espécie de nebulosa amorifica de pólen...

E é durante o dia que curiosamente isso ocorre: à medida que as horas vão passando, eu vou recolhendo alguns vestígios seus no decorrer do tempo. Ou algumas coisas que te agradam, que lembram-me você e que talvez você gostaria de ver, sentir, ouvir ou projetar algum sentido seu para que ele cumpra a sua respectiva função. É bem gostoso perseguir o dia em busca de fragmentos seus. Quando eu consigo reunir uma quantidade apropriada de matéria, procuro por você de alguma forma. Ainda que seja apenas através de um SMS não enviado ou de um parágrafo - escrito ou silenciado - aqui mesmo. Eu sempre adiciono medidas concentradas de caramelos para que esses fragmentos fiquem densos e maciços e você possa assim facilmente se identificar com algo dito, escrito ou mesmo sussurrado. E por falar em sussurros, ai ai... eu sempre penso em seus tímpanos. Conheço Sete Certas Letras que adoram passar o maior tempo possível lá. Faria qualquer coisa para poder levá-las até aí agora. Afinal, se eu gosto tanto de me abrigar em você, essas Sete Certas Letras não conseguem ficar um minuto se quer longe de seus ouvidos, sem procurar pelos caminhos que levam até o seu coração...

A cada momento, eu concentro eternidades amorificas nos instantes... É pra garantir que o "pra sempre de cada dia" seja sempre mantido, constantemente preservado...

P.S.: Preservado Sempre!